Diálogo: Pacientes querem mais que tratamento
Dar atenção a pacientes faz parte do atendimento e das competências médicas.
O chamado médico da família – aquele que acompanhava a saúde dos parentes de perto por toda a vida – é hoje um profissional raro. Todavia, há uma exigência cada vez maior pela existência de uma medicina mais humanizada, em que diversos exames não substituam o cuidado, o diálogo e a atenção com o paciente.
O mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologistas – Regional Minas Gerais, Clécio Lucena, explica que a especialidade atende com frequência, pacientes com conjecturas diversas, em tratamento de câncer de mama. “No caso de câncer, por exemplo, os impactos psicológicos são bem acentuados e requer um atendimento além do técnico e puramente profissional, chegando a ser de compreensão, suporte e solidariedade com pacientes e familiares. O contato mais humanizado com as pessoas envolvidas nesse processo de atendimento proporciona maior confiança, cumplicidade e, consequentemente, melhores respostas para o tratamento”, diz.
A mesma opinião é defendida pelo professor, pesquisador e coordenador do Centro Avançado de Tratamento Oncológico (CENANTRON), André Márcio Murad. “A notícia sobre a presença de um tumor maligno sempre tem um impacto negativo para o paciente que, muitas vezes, fica deprimido e nervoso. O médico precisa ser muito sensível e saber conversar, tentando amenizar o impacto da notícia. Ao invés de dizer que um exame piorou, por exemplo, dizer que poderia ser melhor”, pontua.
O tato é uma habilidade essencial para os profissionais que trabalham com medicina reprodutiva. De acordo com o médico e diretor da Clínica Vilara, Sandro Sabino, o problema da infertilidade angustia e desgasta emocionalmente muito os casais e, por isso, é importante que o médico não apenas identifique e trate o problema, como também acolha o casal para orientar e tranquilizar. “Em alguns casos específicos, encaminhamos para um psicólogo ou psiquiatra. Fazemos tudo o que é possível para que o tratamento gere o mínimo de transtornos nesse momento, em que o casal está fragilizado. Para evitar desgaste financeiro e complicações no tratamento, a clínica adota protocolos, condutas e técnicas diferentes, adequando ao perfil do casal, reduzindo efeitos colaterais. A estimulação ovariana, por exemplo, é realizada sob medida, evitando o uso exagerado de medicação e seus possíveis efeitos indesejáveis, acarretando menos incômodo para as mulheres”, relata.
Na ginecologia e obstetrícia de maneira geral, o médico exerce uma função que vai além da parte clínica. “Somos psicólogos, terapeutas, conselheiros e amigos das pacientes. Normalmente, acompanhamos todo o desenvolvimento, desde o início, na puberdade,passando pela fase adulta, planejamento da gravidez e gestação, até a menopausa e cuidados na terceira idade, o que exige uma relação de muita confiança, respeito e carinho entre as partes. É uma especialidade que lida diretamente com a vida da mulher em todas as fases e precisa de um contato mais humano e afetivo”, observa a presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, Maria Inês de Miranda Lima, que também é ginecologista e obstetra.
Confira a matéria na íntegra: Jornal Viver Bem Saúde.