O que é Hidrossalpinge?

Postado na categoria Diversas em e atualizado em 23/09/2022

Você já ouviu falar em hidrossalpinge? Essa é uma doença que acomete as tubas uterinas, também conhecidas como trompas de falópio. Embora não seja uma condição grave, e muitas vezes até silenciosa, ela pode gerar prejuízos à saúde reprodutiva da mulher.

É por isso que muitas pacientes descobrem a patologia somente quando vão investigar as causas de sua infertilidade. Portanto, as consultas de rotina são indispensáveis para mulheres em idade reprodutiva. Através do acompanhamento ginecológico é possível detectar problemas que ainda nem se manifestaram e realizar o tratamento o quanto antes.

Neste artigo, você vai descobrir o que caracteriza essa doença tubária e quais são suas implicações sobre a fertilidade da mulher. Continue acompanhando!

O que é hidrossalpinge?

Hidrossalpinge é o nome dado ao acúmulo de líquido nas trompas, que ocorre devido a um processo inflamatório no órgão. A inflamação pode estar associada a infecções bacterianas por endometriose, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou em decorrência de cirurgias pélvicas anteriores.

De modo geral, quando uma infecção ou inflamação atinge as trompas, o órgão libera uma secreção. É assim que acontece o acúmulo de líquido na região e, por conseguinte, sua obstrução.

A condição pode ser consequência da endometriose quando os focos endometrióticos se instalam nas tubas. Eles inflamam na fase folicular do ciclo menstrual, quando há maior nível de estrogênio no organismo.

No caso das ISTs, como a clamídia, por exemplo, seus agentes infecciosos contaminam as tubas uterinas e desencadeiam a hidrossalpinge.

Quais são os sintomas da hidrossalpinge?

Saiba que grande parte dos casos são assintomáticos, isto é, não apresenta sinais. Sendo assim, a doença costuma ser detectada durante exames para investigar as condições de fertilidade da mulher.

Em algumas situações, porém, certos sintomas infecciosos podem se manifestar:

  • Dor pélvica;
  • Dor nas relações sexuais;
  • Sangramento vaginal fora do período menstrual;
  • Alterações no corrimento vaginal atípico;
  • Febre;
  • Infertilidade.

No caso das ISTs, os sintomas próprios da infecção podem ser notados antes de uma suspeita de hidrossalpinge.

É importante salientar que o diagnóstico deve ser feito rapidamente, pois a infecção tende a se espalhar e acometer outros órgãos do aparelho reprodutor. Uma complicação possível dada pelo avanço do quadro é o desenvolvimento de Doença Inflamatória Pélvica (DIP).

Como é feito o diagnóstico da hidrossalpinge?

Em um primeiro momento, quando a doença é assintomática, a suspeita costuma surgir pelas consultas e exames ginecológicos de rotina. O médico deve solicitar exames complementares que confirmem o quadro.

A histerossalpingografia é o principal procedimento para identificar a doença. Trata-se de um exame radiológico, no qual se injeta uma substância de contraste por via vaginal para possibilitar a visualização da cavidade uterina e da anatomia tubária.

Nos quadros mais avançados, exames de imagem também auxiliam na confirmação do diagnóstico. A ultrassonografia transvaginal e a laparoscopia podem ser solicitadas pelo médico.

Qual é o tratamento para hidrossalpinge?

Primeiramente, tenha em mente que o tratamento adequado para a hidrossalpinge depende do diagnóstico, ou seja, de qual é a causa primária da doença. É comum que a abordagem de tratamento seja medicamentosa. São dois tipos de medicamentos indicados:

  • Antibióticos: eliminam as bactérias infecciosas;
  • Anti-inflamatórios: combatem a inflamação e reduzem os sintomas dolorosos.

Também pode ser necessária a intervenção cirúrgica. Essa abordagem é indicada quando a inflamação desencadeia obstruções nas trompas, logo, é preciso proceder com a videolaparoscopia.

Trata-se de um procedimento pouco invasivo, no qual são efetuadas pequenas incisões: uma próxima ao umbigo e mais três na região abdominal. A videolaparoscopia, além de fornecer imagens dos órgãos, é um recurso para desobstruir as tubas e drenar o líquido acumulado.

Quanto às ocorrências mais graves, caracterizadas pelo comprometimento parcial ou total das trompas, é necessário realizar a remoção dessas estruturas. O processo também é feito por meio da videolaparoscopia.

Quais as chances de engravidar mesmo tendo  hidrossalpinge?

A hidrossalpinge representa de 25% a 35% dos casos de infertilidade feminina, sendo uma das grandes razões também para a infertilidade conjugal. Desse modo, a possibilidade de engravidar sendo portadora dessa condição é bem baixa.

Veja bem, as trompas de falópio são estruturas que ligam os ovários ao útero. É no interior tubário que ocorre a fecundação, isto é, os óvulos e espermatozoides se encontram nesse local. Uma vez que ocorre a fecundação, as trompas conduzem o embrião ao útero para que lá se implante e se desenvolva.

No entanto, nada disso acontece se as tubas estiverem tomadas por obstruções. Além disso, há uma hipótese de que o líquido da hidrossalpinge prejudica a implantação do embrião no endométrio e compromete seu desenvolvimento adequado.

O líquido contido nas trompas pode refluir para dentro da cavidade uterina, dificultando ou impedindo que o embrião se fixe adequadamente.

Demos mencionar, ainda, que há risco de a gestação ocorrer nas próprias tubas, e não no útero. Essa situação é chamada de gravidez ectópica e deve ser interrompida.

Hidrossalpinge e reprodução assistida

Apesar de a hidrossalpinge provocar infertilidade na mulher, é possível realizar um tratamento de reprodução assistida para tentar a gravidez. Entre os métodos disponíveis na medicina reprodutiva, a FIV (fertilização in vitro) é a única solução viável.

Isso porque as outras técnicas (Coito Programado e Inseminação Intrauterina) dependem do pleno funcionamento das trompas de falópio.

Ainda assim, as chances de sucesso da FIV ficam consideravelmente reduzidas na presença de líquido tubário. É por essa razão que recomenda-se a retirada das trompas por meio de laparoscopia para proceder com a fertilização in vitro, de modo que a secreção não influencie no êxito do tratamento.

Outra possibilidade é a oclusão das tubas quando há risco cirúrgico. Nesse caso, realiza-se o fechamento da entrada que dá acesso à cavidade uterina, impedindo a passagem do líquido por ali.

Recapitulando: a hidrossalpinge pode ser silenciosa e tende a prejudicar a capacidade reprodutiva da mulher. Realizar exames regularmente é fundamental para certificar-se de que seu sistema reprodutor está saudável e, caso não esteja, o diagnóstico precoce é essencial para evitar que o problema se agrave.

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