Transplante de útero
Uma iniciativa da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, chamou a atenção da comunidade médica internacional pela ousadia do procedimento, alvo de críticas sobre as questões médicas e éticas da cirurgia. Trata-se de uma pesquisa para reverter a infertilidade em mulheres que nasceram sem útero ou tiveram de removê-lo por causa de um câncer de colo. A técnica, iniciada em setembro de 2012, consistiu em um transplante de útero, cujo órgão foi retirado de doadoras vivas.
As nove pacientes escolhidas para receberem o transplante, não tem útero, mas possuem os ovários. Todas elas se submeteram a uma indução ovariana para retirada de óvulos que foram fertilizados, em laboratório, através da técnica Fertilização in vitro, desta forma, foram obtidos embriões viáveis para serem transferidos, em um futuro próximo, para os úteros transplantados. A ideia é que após, uma ou duas gestações, estes úteros seja retirados para que as pacientes não precisem tomar as medicações contra a rejeição do órgão.
Entre os centro médicos que desenvolvem essa nova técnica, existe um questionamento ético. Os países como a Inglaterra não aceitam a doação do útero em vida, pois consideram que a retirada do órgão exige cirurgia mais ampla para preservar a vascularização e, por isso, existe um aumento dos riscos de vida para a doadora. As pacientes transplantadas terão que tomar medicamentos de forma contínua para prevenirem a rejeição do orgão. Os remédios podem causar uma série de efeitos colaterais, como alterações dos níveis glicêmicos, hipertensão e até alguns tipos de câncer.
No momento, a única opção de tratamento para as mulheres com ausência de útero e que desejam ser mães é a Fertilização in vitro com a utilização da popularmente conhecida barriga de aluguel, ou seja, os embriões formados são transferidos para o útero de uma outra mulher. Existe uma grande expectativa em relação a esse estudo. Em janeiro, a primeira das nove pacientes teve embriões transferidos para o seu novo útero por meio de fertilização in vitro. Todavia, ainda não sabemos se a gravidez aconteceu ou se será viável, cabendo aguardar o desenrolar do processo para novo debate e avaliações.
Dr. Sandro Sabino – Sócio e diretor da Clínica Vilara, especializada em Reprodução Assistida.
Artigo veiculado no Jornal Estado de Minas.